quarta-feira, 23 de junho de 2010

E-S-C-O-V-A-D-E-D-E-N-T-E


Ele ficou mudo: escova de dente
Ele não ficou nu, não arrancou as tuas vestes com os dentes: escova de dente
Não te olhou com aquele olhar de última mulher da vida dele: escova de dente
Ele queria algo mais: escova de dente
Ele não fez juras, mas deixou a toalha molhada em cima da cama: escova de dente
Você o ama de uma forma que ele não te ama: escova de dente.


[Um relacionamento entra em crise. Farpas, tapas, escárnios para todos os lados... A gota d’água? Uma escova de dente foi usada indevidamente por outra pessoa que não a dona da mesma. A porta bateu. Uma pessoa foi embora, a outra se culpou. Ansiedade deu as caras, frustração também... Outro dia nasceu, a pessoa voltou e trouxe consigo pra lá de 10 escovas de dente pra deixar claro o tamanho absurdo que damos às pequenas coisas...ESCOVA DE DENTE].


Escova de dente pra tudo: Pra quando a gente acorda com o despertador azucrinando no criado-mudo. Quando enfim lembra que ele não ligou, não se despediu. Quando alguém no andar de baixo grita, esbraveja e ainda não são nem 7 da matina! Quando pensa na carteira vazia, nas contas a vencer, nas festas que você não vai comparecer, na boca que você por um bom tempo ou nunca mais vai beijar. Escova de dente ainda para aquele que te rejeitou, para o trânsito infernal, para a fila do banco, para a caixa postal que te atende e não ele, para aquela pedra no meio do caminho.
Tudo é escova de dente ultimamente, meu mantra habitual, os meus 10 segundos antes de pirar, antes de ligar, antes de mandar uns tantos pra longe, antes de gritar com a mãe e o cara que está atravancando o trânsito, antes de fazer uma loucura e antes da tempestade em copo d’água, antes de ser doida ou normal demais.
ESCOVA DE DENTE PRA VOCÊ TAMBÉM!


quinta-feira, 17 de junho de 2010

Escolho Me Encontrar


Me perdi por 265 dias, mas voltei mais atenta do que nunca.
De repente me vi como a mulherzinha que eu não sou.
E-S-C-O-V-A D-E D-E-N-T-E dez vezes pra acabar com a ansiedade.
Peguei uma carona a tempo e retomei meu caminho e eis que me encontro totalmente exausta de andanças, estou de volta, mais disposta a tirar os pés do chão.
Agora o que é ser tudo isso, ser parte integrante deste todo – universo ao qual pertenço na minha cidade de mangas voadoras? É ser caracteristicamente e por sobrevivência um tanto boêmia e sonhadora. E como eu sonho: banho de mar, cheiro de ilha, morango com coca cola, aquele olhar fixo, cigarro na mão, ideia na cabeça, palavra no dedilhado da tecla do Notebook menos burguês que existe, a areia grossa do rio, a gélida água do Sana, pessoas sempre... Tanta coisa mundana e complexa.
Ando à La Marilyn.
Não sou mais aquela que tinha tanto medo de perder, de fracassar.
E hoje, de volta sou outra. Na noite furtiva vou ao Carmo montada, viro todas madrugada a dentro e de manhãzinha volto alta de salto oito pra casa contente. Ressaca? Sim, é claro, mas com todas as coisas no lugar, todas as lembranças.
Essas coisas de fim de semana, de muitos amigos, de escolhas, de opções várias, de tantas observações se devo ligar agora ou depois, ou não ligar, de insistir ou desistir, ou nem isso, se jogo agora ou digo: vem me pegar, enfim, a vida noturna, a vida que sempre tem os seus cinco minutos de surpresa, nunca pensei que fosse fácil, mas estou aqui livre sendo eu de novo.