sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Marilyn X Casamento


Eu fico revoltada em casamentos. Não, não me sinto frustrada por ter trinta e não ser casada se é isso que você está pensando, tenho um traumazinho pelo passado: fui traída, iludida pela ideia de um amor para sempre e mais seis meses (nada mais normal!), mas aquela atmosfera de felicidade forçada, como se você tivesse que mostrar para o mundo/sociedade a obviedade do seu amor e justificá-lo aos céus, pô isso mexe comigo no sentido negativo da coisa, pior que isso só a visão retrógrada do papel da mulher no casamento, que é o que me faz morder a língua sempre.
Tudo bem se você questionar o que digo, é apenas a minha opinião, mas ser expectadora é quase tortura pra mim, por isso sou muito seletiva, vou apenas aos de grandes amigos e familiares. Tudo me incomoda: o banco da igreja, que depois de uma hora sentada faz eu não sentir minha bunda; algumas gafes, tipo a do padrinho tirar fotos dos noivos no altar, mesmo sabendo que tem um fotógrafo profissional para isso, e na recepção, a música e comida ruins.
Ah, mas o que fica no topo da minha lista, o que me alfineta ao ponto de eu querer indagar em voz alta, é o sermão que o padre/pastor/rabino profere, aquele papo de que o homem é ‘o cabeça’ da família e que a mulher deve obediência ao esposo. Eu fico a ponto de vomitar com esse discurso mais retrógrado e prolixo. Pro lixo com isso! É um absurdo que em pleno século XXI, dada as mudanças sociais, comportamentais e políticas ainda se escute tamanha asneira. Nós mulheres já queimamos sutiãs, já nos revoltamos contra os padrões impostos pela sociedade do século passado e por isso conquistamos o direito ao voto, à igualdade social, direito à integridade de seu corpo, à liberdade e tantas outras vitórias, não somos mais meras donas-de-casa e mães, somos mais complexas que isso, somos muitas coisas, profissionais-amantes-esposas-presidentas... E depois ainda sou obrigada a me emocionar em casamentos?! Chorar só se for de raiva.

Aí você me pergunta: Não tem nada de legal em casamentos pra você? Não é possível! Nem a boca livre? Tem sim, duas coisas, a primeira é o ‘open bar’, aquele festival de drinks coloridos, whisky e cerveja (adoroooo) e a segunda é o festival de erros e acertos de vestuário dos convidados, “um must”. Tem de tudo: calça Jeans, camisa ¾, uso de cores extravagantes em tecidos mais extravagantes ainda, plataformas por debaixo dos vestidos longos, vestidos curtíssimos, acessórios gigantes... E muito mais. É engraçado de ver, distrai até, mas não é legal pela perspectiva do que a cerimônia impõe, do que ela representa para quem acredita nela, tudo bem que quem deve estar de arrasar são os noivos, mas gente, pelamordeus, há que se respeitar a formalidade, a etiqueta e vestir-se adequadamente para o evento, escolher o vestido da cor e cumprimento adequados, pentear, alisar, esticar, prender o cabelo, sei lá, mas tem que honrar quem julga ser este, um dos momentos mais importantes da sua vida, e mesmo que eu não priorize isso para minha vida costumo justificar o sentimento que sinto pelo casal, através de uma postura elegante não só na aparência, mas na maneira de lidar com as minhas convicções.