quinta-feira, 3 de março de 2011

A Gente Sabe


A gente sabe o que tem que fazer nessas horas que o coração acelera, nas horas que a cabeça tá com caraminhola, nessas horas que dá um medo de perder, de desestimular, de fugir, de prender, amordaçar... A gente sabe. Sabe que precisa de uma distração, de que precisa pensar primeiramente em você e que deve parar de olhar só para os olhos do bem-querer e olhar para o que está em volta. É difícil. Cinema, teatro, shows, bares, amigos e tantas opções estão aí para te fazer companhia, mas você só quer a dele, quer que ele te convide pra sair, quer que ele tenha a programação do fim de semana à mão para você dois curtirem juntos e quer fundamentalmente que ele te olhe com cara de tarado e te coma por inteira.

É assim que eu me sinto e é assim que muitas como eu se sentem quando apaixonadas. Passado frisson do primeiro olhar, da primeira transa, dos primeiros dias, tudo o que a gente quer é uma resolução, e haja pressa nessa perspectiva de se saber apaixonada e bem quista por quem te apetece. Cansam-se os programas de bar pra se ver, conversar e se querer; cansam-se as caminhadas noturnas; as transas furtivas em Mini Motéis da zona comercial da cidade, o que se quer mesmo é segurança, é troca, convivência, pelamordedeus, convivência de lençóis e camas próprios, banho a dois, filminho e pizza, e família, e rotina, e cão, gato e papagaio, tudo pra se ter de verdade uma relação.

Enquanto estamos na fase das andanças, sejam elas de conhecimento, de primeiras impressões, somos sugadas para o imaginário de ter algo calmo, tranqüilo, verdadeiro. Não queremos o desespero do celular que não toca ou dele queimando no bolso nos fazendo querer ligar; não queremos mais aquela sensação de que tudo pode mudar no próximo segundo; não queremos mais aquela despedida de “a gente se fala”, parecendo algo tão casual e descartável, só queremos o que é perene, certeiro, direto. Ser mulher além de ser difícil é neurótico e ter uma relação então, é coisa de doida masoquista, pode acreditar!