sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Quem Poderá Me Salvar Agora?




Nem Krishna, nem Deus, nem Zorro podem me salvar desse perigo que vivo: Se fujo, morro. Se corro, me atiro. Se grito, desespero. Entrei na montanha-russa das emoções e mais uma vez a viagem foi totalmente diferente, loopings horrorosos, quase vomitei, chorei. Não estava preparada. Fiquei presa nas sensações que ela provocou. Quis me livrar do vazio que me habitava e agora sinto tudo, vejo coisas, doloridas e belas, vacas amarelas, ideias mirabolantes, cupidos e anjos na minha janela sem ter poder nenhum em minhas mãos para controlá-las.

Nos horários mais impróprios elas vêm. Pensei que pudessem vir de mansinho, aos pouquinhos, e não esse furacão que me descabela, me faz engolir poeira, me aterroriza várias horas no dia e estou longe de ter um plano B, uma carta na manga.

Não tenho saída, nem coelho na cartola ou ajudante vadia. Uma varinha de condão resolvia, ou melhor, seria um feitiço no caldeirão pra saber se passa e ele fica e me ama um bocadinho e vai ser meu destino, alguém legal, não o tal, mas a minha soma pra vida.
E tô aqui meio perdida, meio ‘da vida’, sempre no cio, em desvario completamente entregue e com água nos pulmões de tanto que mergulhei de cabeça. Tô ligando direto, pedindo conselho, dividindo meus anseios, doida pra mostrar meus sinais-rachaduras-cicatrizes-palavras, todas aquelas que me vem à boca e eu calo, mas que estão bem aqui, no coração.

E o que é que eu faço agora enquanto o lobo não vem?

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

"Amorando"


Um amigo me contou uma novidade pelo facebook: - “Estou amorando!”.
- “Espera aí. “Amorando”? Eu disse.

E de súbito ri desta versão sem o N. Ele nem percebeu, mas achei curioso, diferente. De repente o N nem precisa ser usado para que fantasiemos outro tipo de relacionamento: o “amorando”. E se Martha¹ me visse agora ela repetiria o que li em uma de suas crônicas: “A criatividade dos amantes é infinita”.

E se ao excluir o N, excluíssemos do relacionamento o negativo, a prisão, o insulto, o platonismo. E se ao excluir o N tudo fosse bom e recíproco?

É, porque de acordo com o Google, “amorar” significa dar cor de amora aos objetos, além de enamorar-se e dentre outras coisas, fugir de casa... Então vamos fugir do que entendemos por namoro, que é uma relação moderna de experimentação sentimental ou sexual, e que dependendo do seu grau pode-se estabelecer um noivado, um matrimônio... Quem sabe!

E já que a paixão está dentro deste contexto vamos mantê-la como a fera que dilacera nosso coração, come nossa razão, e selvagem, nos atrai para o perigo de cometer os atos mais impulsivos, mais ousados, mais contraditórios, a fim de dar cabo de um desejo voraz e intermitente. E que dela sejamos reféns, transformando sua fome em um ciclo que uma hora dorme criança afetuosa, serenando e amando calmo, doce e, em outra vagueia desassossegada por entre os corredores escuros de um sentimento que, de tão inexplicável, virou encantado, e que absoluto nos torna, nos faz ser amorado(a) de alguém.
Estou “amorando” e isso significa que eu não evito nada, muito menos a paixão. Não existem mais jogos de azar, a gente sempre ganha se joga limpo, aberto, sincero. Digo mais sim: sim para um chope na segunda, para cama, mesa e cômoda. Por que não?! Exercito-me na corda bamba, no pisar delicado por sob as asas de borboleta, não temo a queda ou o desequilíbrio, apenas continuo caminhando. Não mistifico meus atos, descomplico, explico. Falo mais com olhar, desnudo mais com o olhar. Desejo muito mais do que deveria e me dou esse direito. Também não me prendo e não prendo mais ninguém. Se mexer, gemo. Se der prazer, gemo. Se doer, grito, choro e vivo. Vivo a paz de estar só e a euforia do encontro. Bebo freneticamente, mas sei sorver a saliva de quem me apetece. Conto até vinte se preciso for, tudo para não quebrar o silêncio das batidas do meu coração. Estou muito mais na minha, mas também quero estar na dele vez em quando. Não invento, provoco sentimentos. Se for só um simples abraço, também fico feliz, assim como um beijo no rosto ou no olho, quero mais é me sentir bem-quista. Fantasio o sexo, lambo os sonhos e deliro sobre as vestes do meu bem-querer e nunca me senti tão bem assim. Isso é estar “amorando”, uma soma entre a paixão e amor-próprio, a possibilidade sob a impossibilidade. Está tudo ao alcance da mão e do coração, basta provar, sentir e cometer.