segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Sem Pausas, Sem Esperas.




Eu não sei lidar com esperas: esperar uma ligação, uma iniciativa, uma declaração. Se já aconteceu tudo o que deveria, se já beijou, se já viu os contornos, ventre embargado e se tudo o mais foi bom... O que esperar? Por que não curtir mais um pouco todas essas emoções? Eu não entendo tanta dificuldade.
Sempre esse vai-não-vai das relações humanas. Cansei disso. Cansei de esperar um convite e gastei meu último dinheiro, o mesmo que me proporcionaria desfrutar da companhia dele, com Martha¹, pelo menos sacia minha fome por mais uma emoção no bolso e desacelera meu coração por essa busca desenfreada de mais cinco minutinhos.
É o cúmulo mesmo. Eu com 30 à espera de mais alguma coisa. À espera de algo que sacie, de algo que surpreenda, mas surpresa boa por favor! O que adianta ter toda essa independência de pagar as contas, ganhar dinheiro, fazer o que gosto, escrever o que sinto e estar bem resolvida quanto ao que quero se tenho observado tantos julgamentos errôneos?
Eu lutei por muito tempo contra os meus pudores, meus medos, minhas ilusões. Deixei de acreditar em príncipe encantado, amor pra sempre, e que tudo vai ficar bem. Não! Não é bem assim que as coisas são: eu não serei resgatada por um príncipe, mas por mim mesma até encontrar um amor; o amor vai durar pra sempre no tempo que ele existir, e não vai ser nem o primeiro nem o último amor da minha vida; acredito ainda mais que meu caráter não se define nem se rotula pela quantidade de homens que passaram por minha vida ou por meu corpo porque se o fiz foi por desejo, prazer, por me sentir extremamente à vontade com aquela pessoa e talvez as coisas fiquem bem ou não, vai saber!
Cansei de esperar que as pessoas me encarem com outros olhos, sou isso e quem quiser me conhecer melhor, seja bem vindo, mas sou coerente comigo mesma em qualquer situação, desde o estado de sobriedade ao de embriaguez, de pileque, vou confidenciar, sou mais mulher, mais impulsiva, mas mesmo assim sou eu mesma, no mesmo corpo recipiente e o meu valor é definido única e exclusivamente pela minha responsabilidade comigo mesma e pelo amor próprio que não abro mão, seja em qualquer situação. Meu valor vem do fato de eu não dever nada a ninguém, de cuidar de mim, de ser amorosa e educada com o próximo e da minha honestidade. Isso sou eu e nada mais.
E tudo o mais, o meu cansaço, o meu desejo em tê-lo e todas as minhas dúvidas se ele vai ligar ou não, se ele vai me convidar ou não se ele vai jogar ou se vai me pegar logo, e toda essa impaciência que me assombra não é nada a mais do que viver as coisas, sentir, é apenas isso e eu realmente to confiando no movimento do mundo, nos cinco minutinhos que a vida proporciona de surpresa pra quem sabe eu o conheça melhor, pra quem sabe ele me conheça melhor nessa realidade doida da cidade de mangas voadoras e de trânsito caótico, antes que eu perca toda a voz que me resta e toda a coragem também.
E Martha tem toda razão: "Você é o que ninguém vê".

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